Preciso confessar-lhes minha inveja... Pelos que amam.
Deve ser estranho ler isso uma vez que amor é facilmente associado ao sofrimento, às prisões e aos problemas atualmente. Mas tem um erro aí, esse "atualmente". Não quero parecer tão “Cri-cri”, mesmo sendo. Mas convenhamos: O amor ditado hoje deixou de ser real há muitos anos! Não que tenha havido uma época em que só houvesse amor verdadeiro, longe disso! Mas ao meu ver a tecnologia tem contribuído significantemente para que amores reais desaparecessem.
Daí você pergunta: O que seria um amor real?
Mesmo sendo muito relativo, tentarei explicar:
Amor real, na minha visão é aquele que doa, sem esperar três vezes mais na recompensa.
É aquele que compreende, mesmo tendo motivos para desconfiar.
O amor é em si, por que sai de si, não vive do alheio.
Assim como as coisas reais da vida, elas acontecem do vazio e te preenchem. O que eu tenho visto é muita gente esperando ser preenchida por estarem vazias de si. Colocam no outro a expectativa de satisfação de suas vidas, onde nem elas mesmas sabem o que pode preenche-las.
Enfim, esse amor a qual falo e que me faz ter inveja, é aquele que está além e acima de ter que mostrar que existe através de um status no facebook, que não precisa de declarações diárias nas mídias sociais, nem de fotos expostas no instagram, uma vez que valoriza a intimidade, uma vez que estar a dois faz feliz, faz bem.
Os “amantes de hoje” que vejo (uma massa, não todos) talvez não saibam o que é aquele friozinho na barriga quando pensa em VER a pessoa amada, eu disse VER, não receber um sms ou um “whats”.
Estamos tornando tudo tão prático para facilitar a vida que estamos perdendo o valor dos pequenos ou grandes esforços feitos por amor. Estamos banalizando os relacionamentos como vitrines expostas para estranhos, por status, por vaidade, por egoísmo.
Para estar junto, tem que se mostrar, tem que fazer check-in, tem que ter rótulo de namoro ou noivado, não bastar relacionar-se. Não enxergamos mais o momento presente com aquela pessoa como a única coisa real que satisfaz. Cada gesto, olhar, beijo, fragilidades percebidas, etc... Cada coisa que pode acontecer nesse espaço intimo deveria ser suficiente (e é se for vivida) para ter um relacionamento saudável e feliz.
Eu acredito ainda nesse amor que falo, que invejo. Só não tenho certeza se irei vivê-lo.
